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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Uma questão de ética, caráter e moral. Quando o prejuízo moral é maior que o prejuízo financeiro!

Riselda Morais

Saqueadores de lojas durante greve da PM em Espírito Santo
      O país acompanhou assustado os recentes acontecimentos no estado do Espírito Santo quando uma manifestação aparentemente pacífica transformou-se em tumulto, saques, vandalismo e quebra-quebra, trazendo à tona um desejo latente de banditismo, corrupção e impunidade. Em apenas dez dias de greve da Polícia Militar e de parte da Polícia Civil, o prédio dos dois poderes foi apedrejado, atearam fogo no Tribunal de Justiça e em ônibus, saquearam comércios, supermercados, lojas, bancos, escolas, mataram 143 pessoas e deixaram parte da população presa em seus lares, impedidos de trabalhar, estudar, passear, enfim, sem o livre direito de ir e vir.
Algumas pessoas que saquearam lojas e levaram produtos para casa, ao ver suas imagens na internet e nos telejornais decidiram ir a delegacia e devolver o produto. Aí fica a pergunta: E se ninguém tivesse filmado tudo bem? Seria correto ficar com o produto do saqueamento?
É lamentável que o caos ético e moral, que a falta de caráter se revele por causa de uma greve da polícia. Então o cidadão só é honesto porque a polícia é seu instrumento de controle? É a polícia a sua regra de conduta? É a polícia que te impede de cometer crimes e não sua conduta moral?
 É assustador como ao pensar-se que todos os crimes ficariam impunes muitas pessoas se dispuseram a roubar, depredar, matar, formando uma sociedade de bandidos soltos em uma cidade presa. Em apenas dez dias o número de homicídios teve um crescimento de 300%, mais de  200 lojas foram saqueadas causando um prejuízo de mais de 30 milhões em roubos e levando a cidade a ter um prejuízo de mais de 300 milhões nos dias que o comércio ficou fechado. Mas o maior prejuízo não foi o financeiro, mas sim o prejuízo ético, moral, de caráter, este sim, foi imensurável.
Como a qualidade inerente ao indivíduo, a sua forma de agir, a sua índole, a sua livre vontade, o seu caráter pode estar associado a uma câmera filmando ou ao poder de polícia?
A honestidade, assim como o bom caráter, a ética e a moral são princípios fundamentais para se viver em sociedade, independentemente do nível de educação ou da classe social. Por isto, deve ser inerente ao cidadão não roubar e não cometer crimes mesmo que só ele saiba. Porque cabe a cada um ter o seu conjunto de valores, o discernimento do certo e do errado; do  que ele pode ou não pode fazer; do que deve ou não deve fazer. 
É o conjunto das qualidades ou dos defeitos de um indivíduo que determinam a sua boa ou má conduta. O seu bom ou mau caráter. A sua boa ou má índole. 
   A coerência de suas ações são determinadas pela firmeza de seus valores. E apesar de ter citado o caos que se instalou em Espírito Santo como exemplo, o alerta é para todo o Brasil e para todos os indivíduos. Observemos em nosso dia a dia se só respeitamos o semáforo ou o limite de velocidade quando tem radar por perto ou se o faremos como um hábito. Se temos o desejo de justiça social, o equilíbrio entre as pessoas ou se na primeira oportunidade estamos ofendendo, agredindo, falando mal pelas costas, prejudicando alguém.  Observemos se em tudo culpamos os políticos e se na primeira oportunidade nos aproveitamos de alguma situação. Se culpamos o prefeito pelo alagamento na rua mas jogamos lixo pela janela do carro ou na margem dos córregos, nas calçadas. 
   Observemo-nos diariamente, pois são os nossos atos, o nosso modo de ser que reflete o nosso caráter.
Um indivíduo honesto não vai mentir, roubar, enganar, fraudar e nem matar porque sua formação moral é sólida e incontestável, esteja ela sozinha ou na multidão, no anonimato ou diante das câmeras, protegida pelo poder de segurança pública ou não. Porque sua vida é regida pelas regras morais existentes, é transparente e exige transparência dos outros. 
   Enquanto o indivíduo desonesto é percebido até no trânsito, sempre dando uma de espertinho, passando pela direita, parando em fila dupla, furando o farol vermelho, jogando lixo pela janela do carro, cheio de malandragem, agindo com desrespeito e preconceito com o próximo, porque não possui firmeza de princípios ou moral. 
  O valor moral é também o respeito a vida do próprio indivíduo e a vida do seu próximo. Está nas mãos da sociedade melhorar o valor moral, a educação, a política pública, a violência, emprego. 
A construção de ideais de ética e moral é passado de geração para geração, de pais para filhos e quando uma dessas gerações falha, transmite a inversão de valores que serão repassados até que um indivíduo perceba e faça a correção. Mas temos percebido  que a inversão de valores tem se proliferado na sociedade atual e a distinção entre o certo e o errado está cada vez mais rara. Muitas pessoas estão esquecendo o bom censo, estão sendo vencidas pelo egoísmo e, ao invés de somar um ao outro, estão trocando o “ser” pelo “ter” e pior, a qualquer custo, sem escrúpulos. Diante das pequenas adversidades, dezenas de indivíduos passam a agir da forma mais primitiva, criminosa e repugnante comportando-se como se fosse uma vantagem ou estivessem fazendo bonito. Quando na verdade é assustador e vergonhoso quando as pessoas passam a agir de forma violenta, cruel, desumana, sem valor moral e sem ética.  Respeitemos ao próximo, sejamos honestos, corajosos, defendamos  a vida, vivemos em sociedade e nossos atos refletem em todos a nossa volta.